Traição

Por: Sérgio Paulo Muniz Costa 27 de novembro de 2023

A História do Brasil, como a de qualquer país importante, é pontilhada por guerras e lutas, algumas fraticidas. Pessoas de sinceras convicções lutaram por seus ideais e, uma vez encerrado o conflito, voltaram a participar do processo político e do debate de ideias que caracterizam a democracia, imperfeita como todas são, mas histórica que é o Brasil.

A intentona de novembro de 1935 mudou tudo isso. Sob rígido controle da União Soviética, foram cumpridas as ordens de Moscou para desencadear uma ação destinada a derrubar o governo brasileiro. Executado de maneira descoordenada no Nordeste e no Rio de Janeiro, o levante eclodiu em Natal a 23 de novembro, provocando três dias de saques, estupros, arrombamentos e quase vinte mortes. Em Recife, entre os dias 24 e 26, travaram-se intensas lutas que custaram cerca de 720 vidas. E no Rio de Janeiro, no dia 27, explodiu a revolta na Escola de Aviação do Exército, na Vila Militar, e no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha, durante a qual militares defensores da ordem foram executados à traição ou desarmados, montando a 30 o número de vítimas.

Nunca revoltosos brasileiros haviam se colocado a serviço de uma potência estrangeira para assassinar seus companheiros de armas e compatriotas em prol da instalação de uma ditadura opressora. Nunca os beneficiados pela anistia que marca a tradição de pacificação brasileira rejeitaram tão cruamente o perdão e o esquecimento que lhes foi oferecido.

Porque foram os mesmos conspiradores que quase levaram o País à guerra civil em 1964. Porque foram os mesmos terroristas que mataram, feriram e mutilaram inocentes entre 1966 e 1973. Porque são exatamente os mesmos fanáticos que hoje negam a realidade de fatos brutais para justificar sua ideologia assassina. A sigla abjeta que os denomina não merece sequer aqui ser repetida, em respeito às suas vítimas que hoje lembramos e homenageamos.

A Nação pode não ter atingido o grau de amadurecimento político para compreender o que a feriu. Mas os militares brasileiros, incumbidos de defendê-la, não olvidam a punhalada. E têm nome para ela, pelo resto dos tempos:

Traição!

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