A absurda correlação de forças prenunciava inescapável revés aos quase dois mil e quinhentos guerrilheiros mobilizados contra cinco mil combatentes batavos. Na então Capitania de Pernambuco, desenrolavam-se os violentos embates que fariam do dia 19 de abril de 1648 uma data marcante no calendário cívico nacional.
Porém, abençoados pelos deuses da guerra, da bravura e do patriotismo, os brasileiros venceram a Primeira Batalha de Guararapes, segundo um historiador holandês devido a “tropas ligeiras e ágeis por natureza, de modo que cruzam matos e brejos, sobem morros aqui tão numerosos e descem-nos tudo com rapidez e agilidade notáveis”. Considere-se, sem dúvida, o emprego judicioso de meios e o conhecimento do terreno e do inimigo, fatores cruciais para superar a inferioridade numérica.
Sobretudo, inspiravam-se os nativos pelo crescente e intenso sentimento de brasilidade, que os comandantes patriotas João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias, Felipe Camarão e Antônio Dias Cardoso capitalizaram em irresistível poder de combate. Descortinava-se, naqueles instantes tormentosos, o futuro soberano de uma Nação apenas submissa aos lídimos anseios de liberdade, justiça e fraternidade do seu povo. Simultaneamente, esboçava-se um exército de origens democráticas nas etnias formadoras da nossa gente: branca, negra e indígena.
Trezentos e setenta e cinco anos depois, acumulam-se exemplos dignos dos heróis de Guararapes, redivivos na consolidação da Independência, na demarcação de fronteiras, na Guerra da Tríplice Aliança, na Segunda Guerra Mundial, na vigilância contra os totalitarismos ideológicos, no apoio a populações desassistidas, nas missões internacionais de paz, na excelência do ensino militar e inestimáveis outros serviços prestados que consolidaram a Força Terrestre no topo das instituições brasileiras mais confiáveis.
Em homenagem àqueles bravos combatentes do século XVII, instituiu-se, por Decreto de 24 de março de 1994, o Dia do Exército em 19 de abril. Reveste-se a efeméride de forte apelo afetivo a todos que, em plena atividade ou veteranos, envergam o sagrado manto verde-oliva, na feliz imagem de um antigo Chefe a “segunda pele” do Soldado de Caxias.
Regozija-se e cumprimenta o Clube Militar os integrantes do Exército Brasileiro de ontem, de hoje e de sempre, certo de que preservarão os valores, as crenças e a coesão institucional, forjados pelo irrefreável sentimento de nacionalidade e amor à Pátria.
Brasil, acima de tudo!
