Obrigado, mãos amigas!

Por: Sérgio Pinto Monteiro 14 de maio de 2024

A tragédia climática que os nossos irmãos sulistas hoje vivenciam certamente ficará
registrada na história não apenas com dor e sofrimento. Ao lado da dramática situação
que a natureza ora nos impõe, torna-se imperioso, por dever de justiça e gratidão,
assinalar, orgulhosamente e com louvor, o comportamento de outra natureza, a
humana, consubstanciada no extraordinário heroísmo dos gaúchos e na imensa
corrente de solidariedade do povo brasileiro. É comovente observar a intensa
mobilização da população para socorrer os compatriotas atingidos pela catástrofe.
Lamentamos, entretanto, a morosidade nas medidas de apoio e o estranho
posicionamento de algumas autoridades do governo federal, numa aparente e nociva
politização da calamidade, mas a união das ações de inúmeros governadores, prefeitos
e empresários de vários estados e municípios, felizmente, está fornecendo, em escala
crescente, os meios necessários ao enfrentamento do triste episódio. As Forças
Armadas, órgãos de estado e não de governo, como de hábito nas questões de
emergências humanitárias, colocaram na região todos os meios locais de pessoal e
equipamentos disponíveis e, a cada momento, deslocam para as áreas atingidas novos
contingentes e vasto material de socorro e apoio às heroicas organizações locais, civis
e militares, que se desdobram no atendimento das vítimas e na manutenção da
governabilidade nas áreas sinistradas. Repudiamos, com veemência, os fake-news e as
falsas narrativas lançadas nas mídias sociais, e até veiculadas por órgãos da chamada
grande mídia, numa sórdida campanha negacionista, ora em curso, visando denegrir as
ações das Forças Armadas na região. São procedimentos indecorosos, eventualmente
criminosos, praticados por radicais extremistas, inimigos da Pátria, que, por vezes,
infelizmente, conseguem iludir alguns incautos.

Entre os inúmeros episódios de heroísmo e solidariedade, individuais e coletivos, a
todo o momento registrados e divulgados nas redes, chamou a nossa atenção, pela
grandiosidade do gesto e a correta apresentação e divulgação da matéria, a
reportagem exibida pela Rede Record de Televisão, programa Balanço Geral, onde
uma moradora do sexto andar de um prédio de apartamentos em Porto Alegre, com
água acima do joelho, é entrevistada quando liderava um grupo de voluntários que já
havia retirado do edifício, ilhado pela inundação, centenas de moradores, inclusive
idosos e crianças. Aquela jovem mulher, forte e destemida, é identificada na
reportagem como uma Tenente do Exército. Seu nome, DALIANA SCHMIDT, militar
temporária (R/2), incorporada no ano passado ao exército, com especialidade em
Direito. Portanto, advogada, selecionada pela Força, podendo atuar no exército por,
no máximo, oito anos. Apesar de não ser uma militar de carreira, a Tenente Daliana
rapidamente incorporou os princípios, atributos e valores inerentes à vida castrense.
Naquela grave emergência, a Tenente Daliana e a cidadã Daliana, unidas, cumpriram a
digna e nobre missão de salvar vidas. A sua emoção, quando da entrevista, não
esconde a energia positiva da decisão de ajudar o próximo. Parabéns Tenente Daliana,
você, com o seu belo gesto, engrandeceu o nosso Exército e enriqueceu o seu
currículo. Sua MÃO AMIGA, entre tantas MÃOS AMIGAS, nos enche de orgulho.

Dever cumprido é dever realizado. É ação. É honra.

O autor, 84 anos, é professor, historiador e Oficial da Reserva do Exército. É Patrono,
fundador e ex-presidente do Conselho Nacional dos Oficiais da Reserva (CNOR). É presidente da
Liga da Defesa Nacional/RJ, membro da Academia Brasileira de Defesa, da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto Histórico de Petrópolis. É presidente do
Conselho Deliberativo da ANVFEB.

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