Governo Militares – Anticomunistas e Pró-Democracia

Por: Gen. Brig. Vet. Luiz Eduardo Rocha Paiva 28 de abril de 2022

Guerra Revolucionária Comunista – Um mal a ser cortado na raiz

Fui observador militar das Nações Unidas em El Salvador, na América Central, onde em 12 anos de luta armada comunista houve cerca de 80 mil mortos, 400 mil deslocados de suas terras e mais de um milhão de refugiados nos EUA. Todo esse drama num país com sete milhões de habitantes e do tamanho de Sergipe.

Na Colômbia, foram mais de 200 mil mortos, em cinco décadas de conflito e na América Central, mais de 300 mil mortos em 15 anos de guerrilhas. Além desses países pode-se mencionar 30 mil mortos na Argentina, cerca de 5 mil no Uruguai e 3,5 mil no Chile, todos eles nos anos 1970.

Os leitores queriam ter vivido o mesmo drama da América Central, Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile, com milhares ou dezenas de milhares de mortos? Já pensaram que alguns entes queridos poderiam ter sido convocados para combater uma guerrilha comunista em meios urbanos ou rurais, ao invés de estudar e viver em paz em família? E que alguns deles poderiam ter sido vitimados em combate? Quantos dos senhores talvez não tivessem nascido? Gostariam de viver em um regime como os da antiga URSS, de Cuba, da China e de outros países comuno-socialistas totalitários?

As Forças Armadas (FA) brasileiras, ao cortarem o mal na raiz, preservaram o Brasil de destinos infelizes como os daqueles países. Foram cerca de 450 mortos em confrontos nas áreas urbanas e rurais, sendo aproximadamente 330 da esquerda armada. Um alto custo para poucas famílias, mas muito baixo para a Nação.

E ainda acusam o regime militar de genocida! A ação do Estado não era simples paranoia, ainda que houvesse exageros, pois o risco de uma sangrenta guerra civil comunista não permitia relaxar com a segurança.

O REGIME MILITAR NÃO ERA DEMOCRACIA NEM DITADURA, AMBAS DIFÍCEIS DE CONCEITUAR COM PRECISÃO.
Era um regime de exceção como os próprios generais presidentes reconheciam, pois todos manifestaram a necessidade de redemocratização do País, o que se cumpriu com a revogação do AI-5, a anistia ampla, geral e irrestrita, a abertura política após a derrota e aceitação das regras do jogo democrático pelos militantes da luta armada.

O regime militar era autoritário, por limitar as liberdades democráticas, mas não totalitário, que as eliminaria. No Brasil, eram realizadas eleições livres e havia o partido de oposição – Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – cuja plataforma era “democracia já”. O partido de apoio ao governo, Aliança Renovadora Nacional (ARENA), pregava uma “redemocratização gradual e segura”. Jornais, revistas, músicas, festivais da canção e peças teatrais criticavam o governo e livrarias vendiam obras de linha marxista. Tais liberdades são impensáveis em um regime comunista, que era objetivo da luta armada.

OS GOVERNOS MILITARES FORTALECERAM O REGIME DEMOCRÁTICO
De 1922 a 1964, houve cerca de vinte crises político-militares , onde chefes militares, envolvidos na política partidária, arrastavam consigo parte da tropa numa sociedade imatura para a democracia. Havendo ou não honestidade de propósitos, ficavam prejudicados: o compromisso militar, que deve ser exclusivo com a Nação; a dedicação, que deve ser integral à missão constitucional; e os princípios de hierarquia e disciplina, comprometendo a coesão nas FA e a própria unidade nacional.

O regime de 1964 afastou as FA e os militares da ativa da política partidária e criou condições para o fortalecimento das instituições nacionais. Desde a redemocratização, as crises políticas não tiveram mais o envolvimento militar e passaram a ser resolvidas nos foros apropriados.

Portanto, o regime militar aperfeiçoou nossa imatura democracia, tornando-a mais estável, como era aspiração da sociedade, da oposição legal e dos próprios governos militares, e não um país comunista, escravizado por um partido único, objetivo da esquerda revolucionária. Essa última não teve o reconhecimento de nenhuma democracia de que lutasse por liberdade ou representasse parcela do povo brasileiro.

Finalizo com um trecho do editorial de Roberto Marinho (1904 – 2003), antigo proprietário do Grupo Globo: “Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força, consolidado há mais de dez anos, se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se auto-limitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. É esse, indubitavelmente, o maior feito da Revolução de 1964” (Julgamento da Revolução – 1984).
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Crises Político-Militares: 1922, 1924, 1925 a 1927, 1930, 1932, 1935, 1937, 1938, 1945, 1954, 1955, 1956, 1959, 1961, 1963, 1964.

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