Os sinais são os mesmos no ritual do impeachment de Dilma Rousseff. Cada passo foi dado de forma calculada. A forma ardilosa de Michel Temer agora se manifesta seguindo os mesmos passos.
O ex-presidente foi à Brasília para amenizar uma crise entre o STF e o Presidente Jair Bolsonaro. Saiu do encontro revelando-se autor do pedido de desculpas e da carta de conciliação. Usou as redes sociais para se colocar como conciliador e bombeiro de uma quase crise institucional.
A exemplo da carta de rompimento com Dilma, publicou um artigo na Folha de São Paulo nesta segunda, 23, na qual espinafra o atual presidente e na prática rompe qualquer vínculo. Este voo solo ensaiado foi antecedido por postagens típicas de candidato nas suas redes sociais e tentando passar uma imagem jovial, do tipo “sextou”. Gírias que não condizem com seu dicionário rococo.
O seu MDB se aproxima do PSDB e cria um ambiente hostil ao seu principal obstáculo. A pré-candidatura do ex-governador João Doria Jr., que acuado, joga a toalha e deixa o caminho livre para a aliança MDB/PSDB e a candidata “cortina de fumaça” Simone Tebet. Ele na verdade guarda a cadeira para o seu veterano líder partidário. O artigo de Temer atacando Bolsonaro sai no mesmo dia do aumento da pressão sobre Doria. Tudo sincronizado.
Falta agora mais duas cenas nesta ópera-bufa. A inclusão do nome dele em uma pesquisa, na qual ele é incluído e aparece melhor que a senadora. Ato seguinte haverá uma revoada de Tucanos e cavalgada de medebistas até a sua mansão e que irão lhe implorar que aceita a “missão de ser o candidato” que une a terceira via. Ele disse que vai consultar a sua Michele e depois de muita relutância “aceita”.
A grande carta da manga de Michel e que finalmente será revelada é o controle do TSE e as decisões do seu pupilo Alexandre de Moraes, o mais engajado dos eleitores de Temer. Neste momento, o Brasil compreenderá cada atitude do ex-ministro do Presidente Temer e o seu empenho de demolir Bolsonaro. Tudo vai se encaixar e será compreendido. O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, será um dos que prometem ir à luta e reavivar a memória nacional sobre Temer, Gedel e suas malas, as gravações de Joesley e o balcão de negócios que virou o Planalto. Guarde este editorial. Temer está chegando!