Turmas Militares

Por: Márcia Modesto 30 de setembro de 2022

Extraído do livro “A Música Vinha da Sala…”

Ser da mesma “turma” dá orgulho aos companheiros.
Consideramos como uma estranha força, que repousa na origem comum da formação profissional, na Academia Militar, e que potencializa os sentimentos de irmandade e fraternidade.

Percebi que essa outra força vigorosa surge pela própria existência da turma.
Então, o que é “a turma”? Qual o sentido desse valor?
Busquei nos dicionários a definição; do que seria “TURMA”. Encontrei, ali, explicações como: “um grupo de pessoas que realizam um mesmo trabalho”, ou “bando”, ou “cada um dos grupos de alunos matriculados numa mesma classe ou num mesmo ano escolar”, ou, ainda, “turno”.

Está claro que os editores de dicionários desconhecem o verdadeiro significado do verbete aplicado aos alunos das escolas militares. Para nós, camaradas de Armas, turma é muito mais!
Turma é identidade, é símbolo, é comunhão, é analogia.
Turma é… marca registrada!

A turma nos distingue no tempo e no espaço profissional. Coloca-nos na fila
dos direitos e dos deveres previstos na Lei.
É ordenação hierárquica que nos faz perder a individualidade e nos abriga na coletividade. Turma, para nós, é parentesco, é confraria espiritual, é propriedade (minha turma, nossa turma), e, acima de tudo, é referência.

A turma nos reporta a um passado comum, ao fascínio da mocidade, aos
sonhos da juventude, às experiências similares, àquela intimidade confidencial, ao compartilhamento das alegrias e tristezas, dos sorrisos e das lágrimas.

Na turma, a gente encontra aqueles que dividiram noites indormidas, crepúsculos radiantes, madrugadas operativas, superações do medo e das incertezas, bem como dividiram o doce sabor do retorno ao final de jornadas duras e extenuantes. A turma é aquela que nos acolhe aonde quer que vamos ou estejamos. Solidária, ela nos impõe comportamentos e obrigações, mesmo quando já passados os tempos do serviço ativo.

A turma nos iguala a nós mesmos, ainda que possamos estar em circunstâncias diferentes. Uma realidade incontestável: a turma nos requalifica.
Nela, passamos a ser um número, um nome de guerra, isso quando não somos rebatizados com novo prenome (os apelidos).

A turma teima em contrariar o ciclo da vida, não nos permitindo o envelhecimento: a cada encontro, reunião ou comemoração, voltamos a ser jovens, regredimos no tempo!

Por vezes, a turma nos traz dor e sofrimento. São os momentos de perda.

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